quinta-feira, 30 de abril de 2009

Festival Perro Loco


O Perro Loco é um Festival de Cinema Universitário Latino-Americano realizado pelos alunos da Universidade Federal de Goiás e esse ano ele chega a 3ª edição. 

O evento acontecerá do dia 25 ao dia 31 de agosto.para quem deseja participar, as inscrições estão abertas e se encerram no dia 21 de maio.

Parece ser um evento muito interessante, vou me preparar para participar da próxima edição.

Confiram o regulamento e mais informações no site do festival: www.perroloco.com.br



quinta-feira, 16 de abril de 2009

INDICAÇÃO: Perdita Durango

A produção espanhola e mexicana de 1997 dirigida pelo excelente Alex de la Iglesia, tem uma trama que gira em torno do casal de criminosos Romeo Dolorosa, interpretado pelo queridinho do Bigas Luna, Javier Bardem; e Perdita Durango, interpretada por Rosie Perez, que tem feito seus trabalhos mais relevantes na TV. O roteiro é criativo, surpreendente e tem uma bela fonte de inspiração: a personagem Perdita Durango surgiu no filme Coração Selvagem de David Lynch e era originalmente interpretada pela italiana Isabella Rossellini. Entretanto, enquanto a Perdita de Lynch era um personagem secundário, a de Iglesias é o elemento central do filme.

A trama se inicia quando, na fronteira entre o México e os EUA, Perdita Durando conhece Romeo Dolorosa, um sacerdote canastrão de santería que atua de ambos os lados da fronteira em diversas atividades ilícitas. O casal aceita o serviço proposto por um gangster de transportar uma carga de fetos humanos que serão utilizados na indústria cósmética (?!), durante o trajeto, Romeo e Pedita decidem fazer a mais real e chocante cerimônia fajuta de santería, na qual sacrificariam uma pessoa.

O roteiro é baseado na história real do casal Adolfo de Jesús Constanzo e Sara Maria Aldrete, que durante os anos 1980 sacrificaram diversas pessoas em rituais abscuros tanto do lado mexicano, quanto do estadunidense da fronteira.

Perdita Durango é um filme relativamente violento e com uma considerável carga erótica. Certamente não é uma unanimidade, o que é bom, pois tudo que é unânime tende a ser um lixo. Dificilmente vocês encontrarão esse filme em locadoras, mas a internet disponibiliza diversos links para baixá-lo.

***

Assistam o trailler de Perdita Durango, que é considerado por seu diretor como "40% de ação, 20% de romance, 15% de western, 15% de comédia, 5% de alegoria religiosa e 5% de horror com cenas picantes". Infelismente não encontrei um trailler com legendas...


quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Era dos Remakes

Adianto-me ao grande historiador Eric J. Hobsbawn, autor das obras A Era dos Impérios, A Era das Revoluções e A Era dos Extremos, ao escrever sobre o período histórico que atravessamos: a era dos remakes.

A prática de regravar filmes não é recente, começou nos anos 1960 e 1970 com o intuito de filmar em cores obras originalmente feitas em preto e branco, entretanto, em pouco tempo, começaram a refilmar simplesmente para atualização, releitura e, principalmente, para continuarem gerando recursos aos cofres das produtoras. Entretanto o período cujo início compreende aos anos 1990 e se intensifica nesse início de século XXI extrapola esses objetivos, temos a impressão de que nada no mundo pode acontecer fora dos EUA.

Qual o problema de o Godzilla atacar Tóquio? Por que precisa atacar Nova York? Por que os fantasmas não podem assombrar os japoneses, chineses e tailandeses? Por que crimes inteligentes não podem ser cometidos na Argentina, na Itália, na França ou na Espanha, a não ser que todos os habitantes desses países falem inglês?

É extremamente irritante presenciar o ressurgimento de clássicos do cinema como O Dia Em Que a Terra Parou, King Kong e O Massacre da Serra-Elétrica, e ver que ainda estão preparando novos Rocky Horrors Picture Show e A Hora do Pesadelo, mas ainda mais irritante é saber que futuramente, quando você falar sobre cinema e mencionar O Dia Em Que a Terra Parou, a maioria se lembrará de Keanu Reeves e falarão que o Klatoo original é “muito tosco”, isso caso saibam que existe um Klatoo original. É o mesmo mal que sofrem os amantes da literatura, que ao falarem de Aquiles ouvem um “Eu não gosto muito do Brad Pitt”, ou ao mencionarem John Constatine ouvem “Esse filme é muito louco!”. Dá nos nervos.

Lembro-me que há muitos anos, eu podia conversar tranquilamente sobre O Senhor dos Anéis com meus amigos, mas hoje, sempre que se fala esse nome você ouve “O filme ou o livro?”, exatamente nessa ordem, o filme primeiro, isso quando o livro não é completamente ignorado e o sujeito considera que você esteja falando do filme.

É triste ver que um momento de tanta criatividade e ousadia no cinema seja marcado por tamanha futilidade e comodismo.


Ah! E por que diabos John Constantine se mudou de Londres para Los Angeles? Teriam os demônios virado popstars?

sexta-feira, 27 de março de 2009

Horror Oriental

Cumprindo a promessa com um pouco de atraso, aqui está um texto sobre o cinema de horror oriental.

***

O Horror é um gênero cinematográfico que de tempos em tempos deleita de uma explosão de popularidade, ou adormecimento desta. Após uma década com um número reduzido de produções relevantes e de qualidade, o Horror, na primeira década do século XXI, volta a ser um dos gêneros mais populares do cinema. Foi o cinema oriental que apresentou (e também resgatou) argumentos para o novo horror. O esgotamento da temática sobre monstros e assassinos seriais, tão populares nos anos 1980, abriu espaço para o retorno do gore e do terror com fundamentos religiosos.

O mundo ocidental está acostumado com histórias baseadas no confronto entre o bem e o mal, Deus e o diabo, padres e demônios etc., nos quais existe uma oposição direta e uma parte deve vencer a outra. O cinema oriental trouxe uma nova forma forma de horror religioso, menos iconográfico, rodado em um ambiente rotineiro, cotidiano. A meu ver, o principal mérito dessa nova contextualização religiosa no cinema, é a queda do conceito de que um dos pólos deve vencer no final. Nesses filmes, o mal não pode ser destruído, no máximo pode ser "contornado".

Além disso, o público ocidental (principalmente das Américas) se identifica com os espíritos como "agente assustatório", já que práticas religiosas como o espiritismo, a santeria, o vudu, o candomblé, o daime e diversas outras se mostram presentes e enraizadas nas culturas de muitos países.

Além da temática religiosa, outra faceta do horror que o cinema oriental resgatou e que tem se popularizado nos últimos anos é o gore. O gênero que surgiu no Japão no ano de 1960 (o primeiro filme foi Jikogu, dirigido por Nobuo Nakagawa) e tornou-se característico do cinema italiano nas duas décadas seguientes, é marcado pela violência explícita e pela não existência de entidades sobrenaturais: todo o horror é causado pelo próprio homem. É esse gênero que acredito ser o mais inventivo do horror atual e gosto de classificar como "horror urbano". Diversas situações rotineiras no nosso presente mecanizado, informatizado, marcado pela volatibilidade de realacionamentos e que coloca a informação acima do conhecimento, são exploradas a fundo, gerando roteiros diversificados e os personagens mais profundos e complexos dentre todos os gêneros cinematográficos atuais. Acredito que futuramente a primeira década do século XXI será marcada por esta estética, assim como a de 1950 foi marcada pela ficção científica e a de 1960 pelos westerns.

O cinema de horror oriental, além de alcançar estrondosa visibilidade com gores como Ichi - O Assassino, O Pacto e Batalha Real; e "religiosos" como Espíritos, O Chamado e The Eye, está influenciando o retorno das produções gore na Europa, principalmente na França. Também é descaradamente "chupado" pelos ianques que já regravaram diversos filmes daquelas bandas.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Blog Reativado

Desculpem-nos por termos abandonado o SINTOMA CINEMA durante alguns meses. Estive envolvido com a escrita e defesa da minha monografia e depois atravessei uma fase "marasmo total coça-saco". Agora voltaremos à ativa.

Este post de reativação será dedicado a apresentar alguns selos que recebemos do Marmota Atômica e do Insônia Partilhada (recebemos coincidentemente os mesmos três selos dos dois blogs), que ainda não haviam sido publicados.

Os selos são:
O "Selo Natal"


As regras do selo natal são: postar o link de quem lhe indicou, indicar outros blogs e dizer seis coisas aleatórias sobre você.

O Selo "Café com Notícias"


O Selo "Olha que Blog Maneiro"


As regras são:

"1 - Exiba a imagem do selo “Olha Que Blog Maneiro” Que vc acabou de ganhar!!!
2 - Poste o link do blog que te indicou. (muito importante!!!)
3 - Indique 10 blogs de sua preferência.
4 - Avise seus indicados.
5 - Publique as regras.
6 - Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.
7 - Envie sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com os 10 links dos blogs indicados para vericação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá 1 caricatura em P&B."

Então vamos às burocracias:

O link dos blogs que nos passaram esses selos são:

http://marmotatomica.blogspot.com/

http://insoniapartilhada.blogspot.com/

Seis Coisas Aleatórias Sobre Mim:

1- Um dia levei pra casa um braço de poltrona de cinema que estava solto.
2 - Guardo este braço com orgulho em uma prateleira no meu quarto.
3 - Adoro dinossauros.
4 - Adoro ouvir jogos de futebol pelo rádio.
5 - Os semáforos sempre se fecham quando chega a minha vez de atravessá-los.
6 - O primeiro filme de terror que eu assisti foi Colheita Maldita.


Indico para receber esses selos os seguintes blogs:

- Diário de um Zumbi
- Reticências
- Lobo Solitário e Sem Dentes
- Exoticlic
- Plano B
- Diário de Pedro
- O Cri-crítico
- Cinéfilos
- Cinematório
- Blogzoide

domingo, 25 de janeiro de 2009

E o Oscar vai para...

Pois é, saiu a lista dos indicados para o tão famoso Oscar. Confira:

Melhor filme:
- “Quem quer ser um milionário?”
- “Frost/Nixon”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Milk - A voz da liberdade”
- “The reader”

Melhor diretor:
- Danny Boyle - “Quem quer ser um milionário?”

- Ron Howard - “Frost/Nixon”
- David Fincher - “O curioso caso de Benjamin Button”
- Gus Van Sant - “Milk - A voz da liberdade”
- Stephen Daldry - "The reader"

Melhor ator:
- Mickey Rourke - “The wrestler”
- Sean Penn “Milk - A voz da liberdade”
- Frank Langella – “Frost/Nixon”
- Brad Pitt - "O curioso caso de Benjamin Button"
- Richard Jenkins - "The visitor

Melhor atriz:
- Meryl Streep – “Doubt”
- Kate Winslet – “The reader”
- Anne Hathaway – “O casamento de Rachel”
- Angelina Jolie – “A troca”
- Melissa Leo - "Frozen river"


Melhor ator coadjuvante:
- Heath Ledger - “Batman – O cavaleiro das trevas”
- Josh Brolin - "Milk - A voz da liberdade"
- Robert Downey Jr. - "Trovão tropical"
- Philip Seymour Hoffman - "Doubt"
- Michael Shannon - "Revolutionary road"

Melhor atriz coadjuvante:
- Amy Adams - "Doubt"
- Penélope Cruz - "Vicky Cristina Barcelona"
- Viola Davis - "Doubt"
- Taraji P. Henson - "O curioso caso de Benjamin Button"
- Marisa Tomei - "The wrestler"

Melhor longa de animação:
- “Wall.E”
- “Kung Fu Panda”
- “Bolt – Supercão”

Melhor filme em língua estrangeira:
- "Revanche", de Gotz Spielmann (Áustria)
- "The class", de Laurent Cantet (França)
- "The Baader Meinhof Complex", de Uli Edel (Alemanha)
- "Waltz with Bashir", de Ari Folman (Israel)
- "Departures", de Yojiro Takita (Japão)

Melhor roteiro original:
- “Frozen river”
- “Na mira do chefe”
- “Wall.E”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Happy-go-lucky”

Melhor roteiro adaptado:
- “O caso curioso de Benjamin Button”
- “Doubt”
- “Frost/Nixon”
- “The reader”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhor direção de arte:
- “A troca”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “A duquesa”
- “Revolutionary road”

Melhor fotografia:
- “A troca”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “The reader”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhor mixagem de som:
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Quem quer ser um milionário?”
- “Wall.E”
- “Procurado”

Melhor edição de som:
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Homem de Ferro”
- “Wall.E”
- “Procurado”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhor trilha sonora original:
- Alexandre Desplat - “O curioso caso de Benjamin Button”
- James Newton Howard – “Defiance”
- Danny Elfman – “Milk – A voz da liberdade”
- Thomas Newman – “Wall.E”
- A.R. Rahman – “Quem quer ser um milionário?”

Melhor canção original:
- “Down to Earth”, de Peter Gabriel and Thomas Newman - “Wall.E”
- “Jai Ho” de A.R. Rahman – “Quem quer ser um milionário?”
- “O Saya”, de A.R. Rahman e Maya Arulpragasam – “Quem quer ser um milionário?”

Melhor figurino:
- “Austrália”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “A duquesa”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Revolutionary road”

Melhor documentário de longa-metragem:
- “The betrayal”
- “Encounters at the end of the world”
- “The garden”
- “Man on wire”
- “Trouble the water”

Melhor documentário de curta-metragem:
- “The conscience of Nhem En”
- “The final inch”
- “Smile Pinki”
- “The witness - From the balcony of room 306”

Melhor edição:
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Frost/Nixon”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhores efeitos especiais:
- “Batman - O cavaleiro das trevas”
- “Homem de Ferro”
- “O curioso caso de Benjamin Button”

Melhor maquiagem:
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- Hellboy II – O exército dourado”

Melhor animação de curta-metragem:
- “La maison en petits cubes”
- “Lavatory - Lovestory”
- “Oktapodi”
- “Presto”
- “This Way Up”

Melhor curta-metragem:
- “Auf der strecke (On the Line)”
- “Manon on the asphalt”
- “New Boy”
- “The Pig”
- “Spielzeugland (Toyland)”


Fonte: Portal G1


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Porquê do Cientista Louco

O filme “O cérebro de Donovan” (Donovan’s Brain; EUA 1953; Dirigido por Felix E. Feist), parte de uma base científica para o franco horror. Ele tem como personagem principal um cientista que, se não é totalmente louco está nos mais longínquos limites do juízo mental. Assim, podemos situá-lo em uma linha direta de descendência do Cientista Louco Original, Victor Frankenstein (se voltarmos mais podemos chegar até Fausto, Prometeu, e Pandora). Esse cientista vem realizando experiências com uma técnica destinada a manter o cérebro vivo após a morte do corpo.

Em um dado momento o avião particular de um poderoso milionário (o Donovan do título) sofre uma pane e cai perto do laboratório do cientista. É a grande oportunidade do cientista, que então remove o crânio do milionário morto e coloca seu cérebro em um tanque com uma substância salina especial. Sua experiência deu certo, o cérebro está vivo!

Este é um dos melhores filmes sobre “cientistas loucos” já feitos, na minha opinião. Mas por que classificar o cientista como louco? O cientista pode ser um herói ou um maluco criminoso. Apesar de parecer que essa bipolaridade representa o medo e a falta de conhecimento que a sociedade tem sobre a ciência, o pesquisador da Unicamp Yurij Castelfranchi afirma que essa bipolaridade não tem uma conotação negativa, pois na verdade é sintoma de que a ciência entrou tão profundamente na sociedade e na cultura como um todo que possui conotações míticas, e qualquer mito é construído com uma bipolaridade, herói/anti-herói, positivo/negativo.

O fato de haver essa representação e esse imaginário acerca da ciência não significa que as pessoas não são cientifizadas o suficiente para entender que a ciência é uma só, mas sim que a ciência é tão importante e profunda na nossa sociedade que não pode deixar de ter esta dupla conotação. Pode trazer tanto o bem quanto o mal.

Entretanto, que o cinema adora representar o cientista como alguém que usou mal o conhecimento científico poderosíssimo, que deveria ser bem guardado e estudado melhor para trazer avanços sem maiores conseqüências, isso é inegável.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

INDICAÇÃO: A Mulher do Atirador de Facas

Posto agora minha primeira indicação neste blog. O Filme é um curta metragem nacional de 1988 e se chama A Mulher do Atirador de Facas. O filme de 10 minutos de duração é estrelado por Carla Camurati e Ney Latorraca, e dirigido por Nilson Villas-Boas.

O filme apesar de curto, consegue incrivelmente desenvolver personalidades profundas em seus personagens e um suspense intrigante.

A Mulher do Atirador de Facas ainda apresenta um ótima trilha sonora, vencedora do Kikito no Festival de Gramado de 1989 . O filme ainda ganhou os prêmios de melhor atriz (Carla Camurati) e melhor curta.

*Dicas:

1 - Este e diversos outros curtas nacionais podem ser assitidos no site www.portacurtas.com.br

2 - Clicando aqui voce pode assistir A Mulher do Atirador de Facas.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

INDICAÇÃO: House of 1000 Corpses

Venho com mais uma indicação.

Com ótima direção e bom roteiro, do diretor Rob Zombie, House of 1000 Corpses (A casa dos 100 corpos), de 2003, é um filme atrativo justamente pelo jeito louco de ser de Rob Zombie. É um terror (não gosto muito de classificar filmes pois acho que isso depende da visão de cada um) interessante, com uma pitada de humor inteligente (e em alguns momentos nada inteligente!).

Em viagem, dois casais param em uma cidade um tanto misteriosa onde ficam sabendo da história do Dr. Satan, médico e assassino. Interressados pela história (mito ou realidade?), os casais vão em busca da lenda. Aí começa uma bizarra aventura: tornam-se vítimas, são caçados e torturados física e mentalmente por uma família.

O filme chama atenção justamente pela tortura, não só dos personagens, como também do espectador. Mas eu alerto: esse é o tipo de filme que você pode amar ou odiar. Algumas pessoas odeiam simplesmente por acharem que ele não faz sentido (na minha opinião essas pessoas não entenderam o filme); outras adoram até mesmo pela forma peculiar de Rob Zombie que não teme em mostrar a violência ou em fazer do vilão o personagem mais amado.

Indico também o filme Rejeitados pelo Diabo (The Devil's rejects - 2005), do mesmo diretor. Dois filmes se completam.

Infelizmente ficarei devendo o vídeo do filme aqui no blog pois não consegui baixá-lo. Deixo então o link para que os interessados confiram.

Até a próxima.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Cinema de Horror: Sonhe Com os Anjos

Se dissermos que “arte” é qualquer unidade de trabalho criativo na qual um público recebe mais do que dá (uma definição liberal de arte, claro, mas não vale a pena ser muito seletivo nessa questão), então acreditamos que o valor artístico que o cinema de horror oferece com maior freqüência é a sua habilidade de formar uma conexão entre nossa fantasia sobre o medo e nossos verdadeiros medos. Poucos filmes de horror foram criados com a “arte” em mente; a maioria é concebida pensando somente no lucro. A arte não é criada conscientemente, é, ao invés disso, expelida, do mesmo modo que lixo atômico libera radiação.

Assim vamos sempre retornar ao conceito de valor – da arte, do mérito social. Se os filmes de horror têm um mérito social que os redima, isso se dá graças à sua habilidade de formar elos entre o real e o irreal – de fornecer subtextos. E em função de seu apelo às massas, esses subtextos assumem freqüentemente uma dimensão cultural.


Em muitos casos, particularmente nos anos 50 e novamente nos anos 70, os medos expressos são sociopolíticos por natureza, fato que dá a filmes tão diferentes quanto Invasores de Corpos (sobre alienígenas que manipulam terráqueos em busca do domínio do planeta Terra) e O Exorcista (sobre uma possessão demoníaca), uma sensação de documentário estranhamente convincente. Quando os filmes de horror mostram suas várias facetas sociopolíticas, eles estão quase sempre servindo como um barômetro preciso de tudo aquilo que perturba o sono de toda uma sociedade. Os filmes e livros desse gênero sempre foram populares, mas a cada dez ou vinte anos eles parecem desfrutar um ciclo de maior popularidade e interesse. Esses períodos parecem quase sempre coincidir com épocas de grande tensão política e/ou econômica e estes filmes parecem refletir isso á flor da pele.


Podemos dizer que a década de 1990 foi um período de menos interesse pelo horror (a década de 40 também), ao contrário do que acontece na década atual que usa o horror cinematográfico para expulsar seus principais medos, que já se configuraram como os extra-terrestres e suas “iminentes” invasões nas décadas de 50 e 60 (período no qual foram lançados ao espaço pela primeira vez satélites e homens, estes que supostamente em 1969 teriam chegado à Lua); como fantasmas, demônios e coisas-que-o-homem-não-deveria-saber-que-existem na década de 70; nos clássicos monstros da literatura (Frankenstein, Drácula e Lobisomem) e cientistas loucos nas décadas de 20 e 30; e hoje se apresentam como a desconstrução da beleza, afinal, vivemos em um cenário repleto de andróides construídos a base palms, pagers, celulares, mp3, mp4 além de muito silicone. Filmes como “A Casa dos 1000 Corpos”,de Rob Zombie, e “O Albergue”, de Eli Roth, que montam e desmontam rostos e corpos com a mesma habilidade que uma criança com problemas na coordenação motora cria seus bonecos com peças de lego, se consolidam como clássicos do horror do século XXI., o horror que traz a deformação como “agente assustatório”.

No entanto, não se deve ver o cinema de horror e seus admiradores como amantes da morte, do grotesco, do arabesco e da aberração. O cinema de horror tem o importante papel de filtrar nossos medos e joga-los fora, de oferecer mesmo que por poucos instantes a sensação de perigo e elevar ao máximo a produção de adrenalina do organismo, transparecendo que, naquele momento seríamos capazes de fazer qualquer coisa pela vida. O cinema horror é sim, um amante da vida.



(Texto originalmente publicado na revista EM CÔMODOS; nº4; outubro de 2007)